Derrotas e surpresas desagradáveis

William Douglas

Acabei de assistir o judoca Eduardo Santos chorando, dizendo que não foi competente para derrubar o adversário. Isso não existe... o sujeito chegou às Olimpíadas! Venceu três lutas por ippon, perdeu uma por imobilização e, nessa em que foi derrotado pela segunda vez, o foi por votação dos juízes. Aliás, nem concordei com os juízes, mas isso é outro assunto.

O Eduardo é um herói, lutou bem, bravamente. Não deveria ficar tão triste.

Outro judoca, o João Derli, lamentava-se por ter desapontado a torcida. A mim, não, não desapontou. Eu tenho orgulho dele, campeão mundial, assim como tenho orgulho do Eduardo Santos, que me representou muito bem em Pequim. São grandes lutadores, e ponto. Ou melhor, e ippon.

João e Eduardo são dois vitoriosos. Envio a eles meu aplauso e admiração.

Caso que mexeu comigo foi outro, o do Rogério Clementino.

Rogério Clementino, o primeiro cavaleiro negro classificado para competir em uma prova Olímpica de hipismo pelo Brasil, disse que ainda não parou de chorar desde que viu seu sonho de participar dos Jogos acabar às vésperas da competição. O cavalo Nilo, que seria montado por Clementino, na prova de adestramento, foi desclassificado na segunda-feira, por apresentar um trote irregular. Com isso, Clementino ficará de fora das provas de adestramento, que ocorrerão no final da próxima semana.

"Ainda não parei de chorar até agora", disse ele em entrevista à BBC Brasil, nesta terça-feira. "É um choque muito grande ficar assim de fora das Olimpíadas na véspera", lamenta Clementino.

Impossibilitado de montar, Clementino acabou não conseguindo entrar para a história como o primeiro cavaleiro negro do Brasil a competir em uma Olimpíada.

Sem ressentimento dos juizes, Clementino se conforma: "esse tipo de julgamento acontece. É do esporte. Não acho que teve preconceito".

Clementino conquistou a medalha de bronze por adestramento em equipe nos Jogos Pan-Americanos do Rio em 2007, e já é um vencedor de várias maneiras, mas confesso que eu mesmo quase chorei de imaginar a situação pela qual ele está passando.

Ele trabalha como professor de equitação no haras do empresário Victor Oliva em Araiçoaba da Serra, no interior de São Paulo, e se desdobra para treinar nas horas livres entre as aulas. Mesmo abalado por ter a sua participação frustrada nestes jogos, Clementino demonstra forte determinação e otimismo para o futuro.

"De uma derrota (como essa) nasce uma grande vitória. Deus sabe o que faz e eu tenho fé. Se não era para ser dessa vez, paciência", disse.

Ainda segundo Clementino: "Não dá para ficar se lamentando, o negócio é erguer a cabeça e trabalhar. Aproveitar a oportunidade de estar aqui para observar e aprender com os 'feras' do esporte e melhorar daqui pra frente", motiva-se.

Clementino já está pensando nos Jogos de Londres em 2012, e tem recebido o apoio da esposa, que está dando "muito apoio" e "orando muito" por ele, segundo disse à BBC.

Por fim, disse: "Creio muito em Deus. O sonho olímpico não acabou. Isso aqui é apenas o começo", afirma com convicção.

Eu, William, também recebi de Deus muita força nos momentos mais difíceis. Uma forma de agradecer é distribuir gratuitamente nas minhas palestras as partes da Bíblia que me ajudaram nos momentos de crise.

Estou certo de que o Clementino também está extraindo forças do sobrenatural, para passar por este momento. Ao contrário do João e do Eduardo que não pode nem mesmo competir!

Bem, mas é um herói, mais um. E, repetindo para todos os leitores a lição que ele nos ensina: "Não dá para ficar se lamentando, o negócio é erguer a cabeça e trabalhar. Aproveitar a oportunidade de estar aqui para observar e aprender com os 'feras' do esporte e melhorar daqui pra frente". Na hora do revés, a lição é simples: "Creio muito em Deus. O sonho não acabou. Isso aqui é apenas o começo."

No livro que escrevi junto com Diego Hypolito e seu técnico, Renato Araújo, o Diego diz que não é um campeão por ter uma medalha de ouro. As medalhas podem vir ou não. Ele é um campeão por fazer o que gosta, por se esforçar, por ser feliz. E, mais, Diego diz que a vida de um campeão mundial "é feita mais de derrotas do que de vitórias" (Extraído de Criando Campeões, Ed. Thomas Nelson Brasil).

Diego está classificado para as finais... não sei se trará medalha ou qual. Mas como disse Thiago, nosso medalhista de bronze, medalha não tem cor, tem nome. E como disse Diego, e isso serve para o Clementino, sua maior vitória foi conquistar o direito de ir às Olimpíadas, e isso todos os atletas aqui mencionados conseguiram.

Por tudo, são campeões, o melhor que a nossa raça e nossa brasilidade podem construir. Que o exemplo deles de esforço, determinação, coragem e busca pela excelência nos inspirem no cotidiano.

Hoje, essa coluna é uma homenagem a Eduardo, João, Clementino, Diego e Thiago.

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William Douglas

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